Entrevista com Daniele Trechau
Founder e CEO do talent's club
Entrevista realizada por Diego Ferreira
Conectando empresas com talentos no mercado
Conectar empresas com talentos no mercado para vagas abertas é um desafio que vai além de preencher posições: trata-se de alinhar expectativas, valores e competências em um cenário de transformação constante. Por um lado, as organizações buscam profissionais que não apenas atendam aos requisitos técnicos, mas que também se conectem à cultura da empresa e contribuam para a inovação. Por outro, os candidatos priorizam ambientes que ofereçam propósito, desenvolvimento e qualidade de vida. Nesse contexto, a competitividade, a escassez de talentos em áreas estratégicas e a evolução das demandas profissionais tornam o recrutamento mais complexo, exigindo estratégias ágeis, transparentes e baseadas em dados. Ferramentas como LinkedIn, inteligência artificial e programas de employer branding emergem como aliados fundamentais para superar esse desafio, promovendo conexões significativas entre empresas e profissionais. Conversei com a Daniele Trechau, ela é CEO e Founder da talent's club e atua com o desafio de conectar profissionais no mercado com empresas que estão em busca da pessoas qualificadas. Confira o bate-papo repleto de insights sobre um setor repleto de oportunidades, demandas e desafios.
Como começou seu interesse pelo de atração de talentos e empregabilidade? Compartilhe um pouco sobre sua jornada profissional com o nosso público
Meu interesse pela empregabilidade aconteceu logo no início da minha carreira. Aos 18 anos, a escolha do curso de graduação em análise de sistemas foi pautada nas chances de empregabilidade que eu teria. Tinha a certeza que este curso me permitiria fazer estágio ainda no 1º período e me colocaria rapidamente no mercado de trabalho. Afinal, eu precisava ajudar em casa a minha mãe e minha irmã pequena. Ao longo da minha carreira, procurei estar me atualizando constantemente, acompanhando as tendências do mercado, planejando e direcionando o caminho que queria trilhar. Também entendi a importância de outros fatores que podem aumentar a nossa empregabilidade: networking e a construção de uma marca pessoal forte. Sobre a atração, contratação e desenvolvimento de talentos, também foram habilidades que precisei aprender precocemente, pois quando estava com meus 22 anos fui convidada pela diretora de RH da empresa de telecom onde eu atuava até então como helpdesk, a liderar um time de 40 pessoas no call center que estavam montando. Criar um ambiente bom para atrair as pessoas, contratar de forma eficaz, desenvolver as pessoas para que possam cuidar de suas carreiras e atingirem seus propósitos e resultados, assim como os das empresas por onde estão passando e deixando seu legado, é algo que percebi que tinha facilidade e muito prazer de fazer. Cada vez mais fui me interessando, aprimorando e estudando mais sobre estes temas e nunca mais parei.
Fale mais sobre a sua história na talent’s club! Compartilhe com a gente suas experiências como Founder e CEO da Empresa
A vontade de empreender tinha “brotado” no meu coração mais ou menos em 2017 quando fiz um trabalho de consultoria sobre startups. Pensei comigo mesma: um dia vou trabalhar com elas. Mas, não sabia ainda como isto iria se dar ao certo, mas era claro que precisaria me preparar financeiramente e estudar mais sobre o empreendedorismo e gestão de negócios. Empreender passa por um processo de amadurecimento e autoconhecimento pessoal e profissional e da ideia em si. Exige uma preparação, uma análise de gaps de competências e identificação de uma oportunidade de mercado. Esta oportunidade ficou clara para mim quando estava como gerente de novos negócios, numa empresa multinacional francesa de consultoria de TI e Inovação para grandes empresas. Lá, eu também pude fazer o recrutamento e seleção dos projetos que eu vendia para que estes iniciassem mais rapidamente. O resultado foi muito bom pois os clientes tinham equipes multidisciplinares que rodavam bem e abriam mais projetos. Os candidatos elogiavam o processo da entrevista. No entanto, dada as múltiplas atividades e altas demandas, adoeci com burnout e pedi demissão. Isto me permitiu ter o tempo necessário para então pensar no que seria a minha empresa. Revi meus propósitos, olhei para dentro e para o mercado. Na análise interna, eu refleti sobre as coisas que gostava de fazer, era reconhecida: Tecnologia e inovação, desenvolver pessoas, vender e recrutar. Com a última competência vivenciada e a análise externa, mapeei a existência de demanda do mercado para talentos, principalmente de vagas estratégicas (executivos, perfis escassos e/ou técnicos especialistas). Estes foram os pilares decisórios para abrir a talent’s club em julho de 2021.
Escolhi inicialmente como público-alvo as startups porque nascem para escalar rapidamente e precisam ser eficazes na contratação de talentos, contratar errado custa tempo e dinheiro e pode adiar e muito a entrega dos projetos e o atingimento dos resultados. Uma premissa era ser uma empresa 100% remota, o que traria alguns desafios, mas também muitas oportunidades, como por exemplo, sem barreira para a contratação de profissionais. A primeira área que criei foi a de vendas e na sequência a Área de operações (pós-venda e recrutamento e seleção). Tive ajuda da minha filha nos primeiros 8 meses desta jornada. Juntas fechamos os primeiros 5 clientes nos primeiros 40 dias, fechamos as primeiras vagas, validando, testando e aprimorando os processos internos. Estabeleci um modelo de trabalho para a talent’s club baseado em parcerias. Esta é uma parte da nossa cultura: apoiar e permitir que pessoas que estão em transição de carreira, primeiro emprego, aposentados, ou simplesmente pessoas que buscam por flexibilidade de horário, qualidade de vida, renda extra e possibilidade de estar em um ambiente seguro, colaborativo, diverso e de aprendizagem contínua possam se encontrar aqui e juntos crescermos. O pilar é a identificação dos valores com a cultura da talent’s club e, após esta etapa que é um filtro, aí, oferecemos treinamento e capacitação on the job.
Vimos o mercado mudar e tivemos que nos adaptar. Ampliamos o público-alvo para atender também empresas de TI e de telecom de médio e grande porte. Incorporamos o uso de várias ferramentas e plataformas para otimizar a operação, inclusive nos últimos meses a IA para acelerar as escritas dos pareceres técnicos dos candidatos.
Quais foram os principais desafios enfrentados na jornada de crescimento da talent’s club?
Foram 3 principais desafios. O primeiro foi a minha própria preparação e transição de executiva para empreendedora, junto com a mudança de mercado (sair da vendas de serviços de TI para vendas de serviços de RH) e, desenvolver novo networking: profissionais de RH e os CEO’s das startups. Até então os meus principais interlocutores eram os CTO’s ou Diretores de Inovação de grandes empresas. Conquistar espaço neste novo mercado e construir a credibilidade e a marca da talent’s club. O segundo foi encontrar uma plataforma de captação e gestão de candidatos que provesse boa experiência tanto para as empresas, os consultores da talent’s club e os candidatos, com um bom custo-benefício. Com um ano de operação, foi preciso buscar uma nova plataforma. O motivo principal foi a retirada da barreira de candidatura dos profissionais mais sêniors, que não dispõe de tempo para se inscrever em plataformas e queriam que fizéssemos o uso do perfil do LinkedIn e os motivos secundários: ter testes comportamentais e técnicos incluídos numa única plataforma. O terceiro desafio foi encontrar boas empresas parceiras para me apoiarem em frentes estratégicas como a Financeira e a de Marketing. Testei alguns modelos diferentes e empresas até encontrar as que trabalhamos atualmente.
Como é atuar em um setor que gera muita demanda no mercado brasileiro?
De fato, o mercado de TI brasileiro vem numa grande crescente. Sendo os crescimentos de 17,4% em 2021, de 14,3% em 2022, 15% em 2023, 12% em 2024 e expectativa de 13% em 2025 e o mercado brasileiro de TI foi avaliado em US $ 45,7 bilhões no ano de 2021, segundo pesquisas. Logo, como consequência, tem realmente uma alta demanda por contratação de profissionais qualificados. As principais áreas de procura por estes profissionais são: análise de dados, desenvolvimento de software, automações, IA, aprendizagem de máquina, devops, computação em nuvens, e segurança cibernética, dado a aceleração digital. E as principais habilidades interpessoais são gerenciamento de tempo, automotivação e comunicação digital principalmente dado o contexto do trabalho 100% remoto ou híbrido, acelerado com o advento da pandemia. Aliás, vale ressaltar também que as pessoas ressignificaram o sucesso profissional, passando a valorizar principalmente a flexibilidade, crescimento profissional alinhado com propósito, e autonomia, mais do que salário. No Brasil temos 70.000 novas vagas de tecnologia e apenas 46.000 profissionais de TI sendo formados, caracterizando escassez de talentos e com a concorrência ampliada, onde se pode contratar profissionais independente da sua localização, estes muitas vezes optam por sair do país ou prestar seus serviços para fora. Vamos acrescentar uma tendência que está acontecendo nos EUA: 50,9% da força de trabalho americana será composta por profissionais freelancers, até 2027. Trata-se da economia gig – voltada e gerida por trabalhos flexíveis.Plataformas como Upwork, Freelancer e Toptal tornaram mais fácil para profissionais de tecnologia se conectarem com clientes e encontrarem trabalho.
E o motivo de eu ter trazido todas estas informações é para contextualizar o momento crítico que as empresas de tecnologia estão vivendo. E, por conta disto, estas organizações estão sendo obrigadas a explorar novos métodos para contratar talentos, tais como contar com apoio de empresas especializadas, revisar os modelos de trabalho e forma de trabalho disponibilizadas, trabalhar a marca empregadora, desenvolver uma cultura organizacional forte, incluindo a diversidade para atrair os talentos, além de desenvolver novas estratégias de remuneração e investir em programas abrangentes de treinamento e desenvolvimento para fechar lacunas imediatas de competências e criar um pipeline de talentos sustentável para apoiar no crescimento e na inovação dos negócios.
À medida que olhamos para o futuro, o mercado de trabalho em tecnologia continuará a oferecer oportunidades interessantes para aqueles que estão preparados para abraçar a mudança. E, é com empresas com esta mentalidade de crescimento que a talent’s club vem atuando através da prestação dos nossos serviços de consultoria, ajudando-as a entender as tendências atuais e as previsões futuras além de oferecer serviços que apoiam tanto na contratação quanto no desenvolvimento de pessoas e até no momento do desembarque (offboarding), quando necessário. Atuamos também com os profissionais sêniors, executivos ou técnicos, para que consigam navegar no mercado de trabalho em tecnologia, através da mentoria de carreira, de forma eficaz para que aproveitem essas mudanças a seu favor. É um trabalho que realizamos de forma colaborativa, consultiva e à várias mãos.
Com certeza a talent’s club é uma organização com uma jornada de sucesso. Compartilhe com o nosso público as principais conquistas realizadas em 2024.
Revisamos o portfólio de serviços, lançamos um novo site institucional e fortalecemos o reposicionamento da marca como especialistas nos mercados de TI e Telecom , focando em 3 serviços principais para empresas: Recrutamento e Seleção, Treinamentos e Palestras e Desligamento Humanizado e 3 serviços principais para talentos: Job Hunter, Mentoria de Carreira e Perfil Comportamental. Fomos selecionados pelo Sebrae para o Projeto Startup Win Operação e Tração 2024, que termina agora em dezembro. Conquistamos 27 novas empresas como cliente e apoiamos mais de 10 executivos em processo de transição de carreira a se recolocarem no mercado através do nosso serviço de Job Hunter. Desenhamos e iniciamos um programa de Aceleração de Carreira para a PUC angels com mentorias individuais e workshops temáticos para alunos da PUC SP.
Participamos de várias feiras e congressos como Rio Innovation Week, Startups Summit – Florianópolis, Café com CTO no Cubo em SP, entre outras, com o objetivo de estar próximo do nosso público-alvo, mas também para desenvolver parcerias estratégicas de negócios e descobrir serviços inovadores que podem apoiar a talent’s club em seu crescimento.
Aproveite e fale mais sobre seu planejamento para 2025! O que podemos esperar da talent’s club e o impacto que vocês geram conectando talentos a empresas no mercado
Para 2025, trabalharemos para aumentar ainda mais a carteira de clientes, reforçar o caixa e continuar investindo no branding, no reforço de marca/autoridade da marca e segmento de atuação, aumentando a presença digital através de estratégias de inbounding marketing.
No primeiro trimestre de 2025, vamos implantar um novo CRM para estabelecermos uma régua de contato regular com nossos clientes e prospects e implementar estratégias de outbounding marketing.
Também queremos retomar o talent’s connect, que são encontros mensais abertos ao público e online, para falar sobre carreira, tecnologia, inovação, marca empregadora, alta performance, diversidade e inclusão, entre outros temas, convidando pessoas chaves para palestrar e participar de uma roda de conversa.
Daremos continuidade na participação de eventos do setor de tecnologia, startups e inovação e entraremos em algumas associações. Estas ações em conjunto irão ampliar e acelerar o crescimento da talent’s club, fazendo nós irmos ao encontro do nosso propósito que é transformar talentos em resultados para um número cada vez maior de empresas e de profissionais da área de tecnologia!
Aproveite para deixar um recado final para o público da Revista BH in Press que gosta de acompanhar o mercado da economia criativa em Belo Horizonte. Muito obrigado por participar desse bate papo.
Como CEO de uma empresa de consultoria de RH, tenho o privilégio de observar de perto as tendências que moldam o futuro do trabalho. A economia criativa, em especial, tem se revelado uma força motriz, impulsionando não apenas a inovação, mas também a inclusão e a diversidade nos ambientes corporativos. As empresas que se destacam nesse mercado são aquelas que valorizam o talento, fomentam a cultura organizacional positiva e incentivam a colaboração. Gostaria de encerrar com um convite: continuem a explorar, a inovar e a transformar. Cada ideia nova, cada projeto ousado e cada colaboração bem-sucedida contribuem para tornar Belo Horizonte um exemplo de criatividade e resiliência. E lembrem-se, o recurso mais valioso de qualquer organização é o seu capital humano. Invistam em pessoas, em suas histórias e em seus sonhos, pois é isso que moldará um futuro brilhante para todos nós. Obrigado por serem parte dessa jornada. Juntos, podemos continuar a construir um mercado criativo cada vez mais forte e inspirador. Um feliz natal e um 2025 repleto de realizações pessoais e profissionais!
Conheça mais sobre o trabalho do Colunista Diego Ferreira